sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Mais um ano que se passa, mais um ano sem você: 31 anos sem Henfil


É comum em datas de anos de morte de entes queridos próximos ficarmos saudosos.Pois assim tambem se dá em termos de celebridades.No meu caso, todo começo de ano se dá a mesma coisa, afinal o dia quatro de janeiro de 1988 foi a data de passagem do cartunista Henfil.

Geralmente desopilo tecendo algum movimento que resgate a importancia de sua trajetória. Seja fazendo algum desenho em sua homenagem, como no ano passado,seja escrevendo acerca de algum recorte de sua vasta obra. Ou mesmo tentando pautar a midia acerca da importancia da data. Tudo no sentido de manter um compromisso que tenho comigo mesmo: levar o legado de Henfil ao maximo de pessoas.

Porém, nesse sentido nada se compara ao ano de 2008, que tomado por esse sentimento de perda referente à sua morte me desembestei a escrever um livro sobre a contribuicao politica do cartunista, que resultou em "Henfil: o humor subversivo".

Desde entao nunca mais parei de produzir acerca de seu legado. Já se vao inúmeros artigos,entrevistas e palestras. Alem de uma tese de doutorado, que  resultou em um segundo livro, intitulado "Diretas Jaz".

Quando relembramos de alguém vem à cabeca uma situação específica, algum acontecimento fortuito, uma cena engraçada.No que corresponde ao Henfil só consigo pensar em uma coisa: na importância de defendermos a democracia. Pronto, falei. E aí está a minha contribuicao desse ano, se é que me entendem?

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

O que representa o governo Bolsonaro?

A proposta deste pequeno texto é contribuir para mapear o que significa o governo Bolsonaro para o país. Agora empossado, fica mais fácil antever quais são as consequências deste projeto em termos nacionais.
Em linhas gerais podemos seguir três linhas. Quais sejam: tentar compreender o significado político, econômico e social das linhas daqueles que por ora chegam ao poder em âmbito federal.
Esmiuçando primeiramente o caráter político, se desenha um esvaziamento da esfera legislativa. O político insinua em seus pronunciamentos que irá governar mormente por decretos presidenciais, sem respeitar a instância dos demais poderes constituídos e da esfera tão oportuna dos mecanismos de controle que ali residem. Sendo ainda preocupante principalmente o desrespeito ao direito de contestação e a perseguição também ventilada em seus discursos de que não irá respeitar as oposições, principalmente as de esquerda. Neste tocante é fundamental denunciarmos o quão fantasioso é o macartismo de Bolsonaro, que elege o marxismo como principal adversário tão somente para erigir um inimigo e manter a sociedade em alarme para que possa aprovar em surdina outras medidas de enfoque neoliberal.
Aqui cumpre destacar portanto o que se desenha no horizonte em termos de macro economia. A promessa que deve ser cumprida é a do esvaziamento do Estado na esfera dos investimentos. Com um cenário de submissão aos interesses norte-americanos, de entrega das nossas riquezas nacionais, tendo à testa um amplo programa de privatizações. Ao que parece voltará à cena a máxima surrada de antigos governos submissos de o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil. Nesse talante, haja continência!
Ainda na seara econômica, caso se repitam os processos históricos daqueles governos que adotaram o neoliberalismo como bula, teremos um quadro de recessão impulsionado pela falta de investimentos estatais maciços em áreas estratégicas. Esse é o resultado do Estado mínimo, que é sempre máximo para os setores financeiros. Se comporta como um leão na liberalização, mas como um gatinho acuado ao enfrentar os impasses e dilemas das garantias sociais.
Em termos de conclusão, pode se dizer que no âmbito social o que se rascunha é o abandono dos mais desfavorecidos, em nome de uma política cultural que irá perseguir minorias como a dos homossexuais e coloca em risco direitos adquiridos por setores combativos como os movimentos sociais. Sem contar os ataques que podem ser perpetrados à religiões que não professem o culto ao cristianismo, assim como a perda do reconhecimento de dívidas históricas para com o povo negro e as devidas políticas de compensação tão necessárias. Assim como a agenda das questões femininas e o combate a perpetuação de uma sociedade patriarcal calcada no machismo e na agressão às mulheres que pode ter uma escalada do número de agressões.
Por fim, não se trata de otimismo ou não com as medidas palacianas que estão por vir. Mas sim saber ler com a ajuda fundamental do aspecto pedagógico que a história nos ensina de que governos com perfil antidemocrático não são saudáveis para o amadurecimento das instituições.E de que os mesmos não trazem desenvolvimento nos campos aqui perscrutados. Se abrem tempos difíceis onde será necessário sempre o argumento da lógica e da razão para que se vislumbre um futuro diferente desejado, com respeito às diversidades e em prol dos injustiçados.
* Marcio Malta é cientista político e professor universitário (Uff)