segunda-feira, 16 de março de 2015

Sobre os 50 anos da Globo


  Estou finalizando um capítulo de livro sobre o papel da Rede Globo na redemocratização. Aproveitando o ensejo e com o consentimento do organizador da obra, Fabiano Faria,  divulgo alguns trechos desta conclusão. O livro deve ser publicado em abril, por ocasião dos 50 anos da emissora:         
           No momento em que esse capítulo é concluído, o Brasil completa 30 anos da deposição do último general no poder e da posse do primeiro presidente civil do período democrático, mesmo que indiretamente eleito, José Sarney.

            A rede Globo de televisão continua jogando o seu jogo de manipulação e edição de imagens, com coberturas claramente tendenciosas em favor dos interesses das classes econômicas mais abastadas.

            Na transmissão das manifestações em oposição à presidente Dilma Roussef, em 15 de março deste corrente ano de 2015, ao comentar sobre as reivindicações dos presentes nos mais diversos atos, buscava salientar reiteradas vezes o quanto aquelas atividades eram pacíficas e apartidárias.

            Escamoteava, por sua vez, todas as vezes que as câmeras de maneira inadvertida focavam em algumas faixa ou cartaz pedindo a volta dos militares ao poder, ou mesmo os xingamentos impublicáveis que aquela horda "civilizada" proferia ao se relacionar à autoridade máxima de nossa república.

            Em um quadro recente, no ano de 2013, as organizações Globo vieram à público reconhecer o seu papel escuso na omissão, ou mesmo defesa, da ditadura. Cabe agora perguntar se a mesma empresa irá vir à público em um cenário futuro se desculpar por seus feitos contrários à democratização de nosso país.

            São 50 anos completados com uma perspectiva de comemoração pautada em seu passado. Os seus feitos foram advogados através da reexibição de produções de sua teledramaturgia no início do ano em que comemora o jubileu.

            Outro significado para a palavra jubileu, além do quinquagésimo aniversário, é a cerimônia no âmbito da Igreja Católica de indulgência por pecados cometidos. A emissora buscou uma remissão de seus erros temporais ao reconhecer sua trajetória a serviço dos militares no poder. Cabe agora à direção da emissora refletir o papel que cumpre no presente ao aderir mais uma vez à setores que buscam não o desenvolvimento nacional, mas um comportamento de entreguismo e de aliança dócil com o grande capital e com os políticos tradicionais de plantão no poder.

            Em face a um dos maiores monopólios dos meios de comunicação que se tem notícia na história mundial, a história dirá quem está com a razão. Que venham mais 50 anos de resistência.

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