Estou finalizando um capítulo de livro sobre o papel da Rede Globo na redemocratização. Aproveitando o ensejo e com o consentimento do organizador da obra, Fabiano Faria, divulgo alguns trechos desta conclusão. O livro deve ser publicado em abril, por ocasião dos 50 anos da emissora:
No momento em que esse capítulo é concluído,
o Brasil completa 30 anos da deposição do último general no poder e da posse do
primeiro presidente civil do período democrático, mesmo que indiretamente eleito, José Sarney.
A rede Globo de televisão continua
jogando o seu jogo de manipulação e edição de imagens, com coberturas
claramente tendenciosas em favor dos interesses das classes econômicas mais
abastadas.
Na transmissão das manifestações em
oposição à presidente Dilma Roussef, em 15 de março deste corrente ano de 2015,
ao comentar sobre as reivindicações dos presentes nos mais diversos atos,
buscava salientar reiteradas vezes o quanto aquelas atividades eram pacíficas e
apartidárias.
Escamoteava, por sua vez, todas as
vezes que as câmeras de maneira inadvertida focavam em algumas faixa ou cartaz
pedindo a volta dos militares ao poder, ou mesmo os xingamentos impublicáveis
que aquela horda "civilizada" proferia ao se relacionar à autoridade
máxima de nossa república.
Em um quadro recente, no ano de
2013, as organizações Globo vieram à público reconhecer o seu papel escuso na
omissão, ou mesmo defesa, da ditadura. Cabe agora perguntar se a mesma empresa
irá vir à público em um cenário futuro se desculpar por seus feitos contrários
à democratização de nosso país.
São 50 anos completados com uma
perspectiva de comemoração pautada em seu passado. Os seus feitos foram advogados
através da reexibição de produções de sua teledramaturgia no início do ano em
que comemora o jubileu.
Outro significado para a palavra
jubileu, além do quinquagésimo aniversário, é a cerimônia no âmbito da Igreja Católica
de indulgência por pecados cometidos. A emissora buscou uma remissão de seus
erros temporais ao reconhecer sua trajetória a serviço dos militares no poder. Cabe
agora à direção da emissora refletir o papel que cumpre no presente ao aderir
mais uma vez à setores que buscam não o desenvolvimento nacional, mas um
comportamento de entreguismo e de aliança dócil com o grande capital e com os políticos
tradicionais de plantão no poder.
Em face a um dos maiores monopólios
dos meios de comunicação que se tem notícia na história mundial, a história
dirá quem está com a razão. Que venham mais 50 anos de resistência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário