domingo, 4 de janeiro de 2015

BRASIL, PÁTRIA EDUCADORA?



                Em seu discurso de posse a presidenta Dilma Roussef anunciou que o lema de seu governo será Pátria Educadora. A governante apontou que o esforço de todas as áreas será em prol de tal questão. Porém, a mesma não demonstra como serão feitas tais gestões, parecendo desta maneira ser apenas um mote vazio. Seu discurso se assemelha à época de eleições, onde são feitas apenas promessas. Ao escolher a palavra pátria como discurso de mobilização a governante cai em um ufanismo que remonta aos tempos dos milicos empedernidos.
                Tais discursos geralmente são recheados de palavras vazias, belas em seu formato, mas sem nenhum conteúdo, como faz Dilma, por exemplo, ao assinalar que irá agir pautada em práticas cidadãs, compromisso de ética e sentimento republicano.
                Se comprometer com a educação é uma prática cotidiana. Os profissionais da educação sabem quantos golpes em seus direitos já sofreram dos governos lulo-petistas nos últimos anos. As medidas de arrocho e contingenciamento de recursos em plano federal, estadual e municipal já sinalizam que a educação sairá perdendo, principalmente no que se refere à retirada de gratificações.
                Um ataque que será perpetrado no próximo período é a tentativa nefasta já anunciada pelo novo ministro da Educação Cid Gomes, de que serão feitas gestões para alterar o currículo escolar. O que se desenha é a  reprodução do modelo "escolão" baseado em moldes neoliberais de um saber tecnicista e reprodutor. Nunca é demais lembrar que Cid Gomes quando governador afirmou que os professores não deveriam trabalhar pautados em salários, mas como uma prática vocacional, voltada para o amor. Um verdadeiro desrespeito à classe docente que ano após ano assiste seus salários serem defasados e soma perdas por conta dos níveis de inflação.
                Ainda no bojo das tentativas de mudança curricular, estão as declarações recentes da presidenta em campanha  que tem por objetivo retirar as disciplinas filosofia e sociologia da grade curricular por serem consideradas pelos alunos "chatas". Tais menções são gestões no sentido de esvaziar disciplinas de cunho crítico e reflexivo.
                Palavras como competitividade dão a tônica do discurso, demonstrando uma concepção de educação pautada no mercado e nas relações de trabalho, onde a perspectiva humana e solidária é negligenciada. A prioridade da educação, principalmente a técnica, seria assim alimentar as empresas com mão-de-obra.
                Essa é também a perspectiva quando as universidades são citadas, onde existe a defesa de que tais centros devem estar afinados com os setores mais dinâmicos da nossa economia e da nossa sociedade. Leia-se nesse quesito uma universidade pautada não na produção de conhecimento público, mas subordinada ao deus mercado.
                O cenário que se aproxima demonstra que os profissionais envolvidos na educação, aliados à sociedade civil organizada, devem estar prontos para resistir aos planos orquestrados dos Governos de desmontar a educação pública de qualidade.

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