Conheci a obra de Gabriel Garcia Márquez por seu livro máximo "Cem anos de solidão".
Porém, aquela foi apenas a porta de entrada para o mundo do realismo fantástico. Devorei
boa parte do autor colombiano em questão de meses. Procurava de forma ávida por seu livros
na biblioteca central do Gragoatá, da Universidade Federal Fluminense, onde então cursava minha
graduação. Após ler páginas e mais páginas de "Ninguém escreve ao coronel", "O amor nos tempos do cólera", "Outono de um patriarca", dentre outros, parti para as prateleiras vizinhas.
Desvendei de uma maneira profunda os autores do chamado boom latino-americano. Outro que me
despertou o mesmo apetite foi o ex-amigo de Gabo, Mário Vargas Llosa, que a despeito de sua guinada neoliberal até hoje me encanta pela forma com que escreveu em seus anos iniciais.
Daí para o cubano Guilermo Cabrera Infante e seu delicioso "Três tristes tigres", foi um pulo, passando para os uruguaios Onetti e seu "Junta-cadáveres", além de Benedetti e em momentos
mais mágicos, a literatura tortuosa e encantadora do argentino Borges.
Tudo isso foi para mim de um grande aprendizado. Daquele tempo em que ainda tinha tempo para
ler ficções e não somente os pesados clássicos das ciências sociais.
Por último, seria um rompante de minha parte não citar a mão que me auxiliou nessa empreitada
de conhecer a mítica América Latina por seus romancistas.
O hoje escritor e crítico literário Vinicius Jatobá, dileto colega de turma e antes de tudo um leal amigo, que me compartilhou a sua brincadeira de percorrer as estantes da citada biblioteca como se
estivesse passeando pelo mundo. Uma viagem tal qual a de Júlio Verne ao redor do mundo. Em poucas horas, fazíamos como a música e com o pensamento nos deixávamos levar para o Japão, parar no Canadá, subir o Himalaia e do alto cantar.
Esses dias, essas horas ao lado de tão bons escritores, nenhum bandido pode levar.
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