O cartaz do filme "Ao sul da
fronteira", do cineasta Oliver Stone, traz a ilustração de enormes patas
de águia aquinhoando o mapa da América Latina em vermelho. A obra de 2009 entrevistou uma série de políticos progressistas que chegaram ao poder na
região através de eleições livres e diretas. Dentre eles, estava o
ex-presidente Lugo, do Paraguai, derrubado por um golpe branco em 2012, assim
como, a estrela que roubou a cena, o comandante Hugo Chávez, falecido em 2013,
e então ainda presidente da Venezuela.
Quem
assistiu ao filme, ou conhece minimamente a história recente da Venezuela, está
ciente do mal sucedido golpe que foi urgido em 2002 contra Chávez, com o apoio explicito dos
Estados Unidos, a águia em questão no parágrafo anterior. Pois bem, nas últimas
semanas uma orquestração de setores conservadores têm se levantado contra o
governo de Nicolás Maduro, eleito presidente venezuelano após a morte do líder
bolivariano.
Os
ataques surgem após alguns meses de relativa paz, Maduro vem enfrentando uma
série de protestos por parte de uma oposição aventureira e pertencente aos
estratos mais altos da sociedade. Rumores na grande imprensa internacional
hegemônica tentam vincular diretamente o presidente à algumas mortes que têm
ocorridos nas manifestações, que também mobilizam defensores do governo.
O
que está em questão é: mais uma vez, setores historicamente ligados ao grande
capital e ao retrocesso em nossas terras se organizam para tentar frear
iniciativas e um governo em prol dos menos favorecidos da sociedade
venezuelana, que atravessaram a larga noite dos 500 anos - para usar uma
expressão do Exército Zapatista de Libertação Nacional, de Chiapas - sem
chances de quaisquer desenvolvimento.
É
preciso que os setores mais progressistas de nossa sociedade, nisso incluindo
intelectuais, se posicionem a favor do prosseguimento dos progressos obtidos
pelo processo em curso na Venezuela. Que as críticas ao modelo de governo ou a
suposta personalidade prosaica de Maduro sejam debatidas, mas levando em
consideração as tramas que se desenham de um açodamento do político para que
tal conjunção seja paralisada.
Por
último, cabe frisar que as mobilizações da grande mídia e capital para atacar
grupos que resistem à lógica pura e simples do lucro e financeirização, não é
um privilégio de "nuestros hermanos" da Venezuela. As
"madres" da praça de Maio, enquanto movimento social, vêm sofrendo um
conjunto de ataques pelo grupo monopolista da imprensa argentina e no Brasil,
grupos ligados aos direitos humanos também tiveram suas honras e trajetórias
colocadas em cheque pelos mesmos atores políticos, a grande imprensa sem
escrúpulos e também monopolista. Os três acontecimentos citados se deram todos
na mesma semana. Cabe o alerta e a atenção para que mais uma vez a águia
estadunidense não estique suas tão conhecidas unhas em nosso solo, nossa
América, como diria Martí, novamente.
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